A garotinha estava triste apesar de tudo. Entrou no quarto, trancou a porta, se jogou na cama e começou a chorar, apertando o travesseiro com muita força.
Depois de muitas lágrimas e suspiros, ela finalmente reparou num estranho envelope em cima do criado-mudo. Quem será que o deixara ali? Ela não se lembrava de ter visto aquilo pela manhã. Seria uma brincadeira do irmão? Ou será que seria algum pertence dele, algo secreto? Ela já não o tinha proibido de invadir seu quarto?!
Curiosa, levantou-se e pegou o envelope. Havia uma única palavra escrita em letras maiúsculas e um tanto inclinadas para a direita:
ADMIRAÇÃO.
- Hmmm... Deve ser uma carta de amor! Hihihi... quem se daria o trabalho de escrever uma cartinha de amor pra ele? - murmurou ela, um tanto maldosa.
Ficara ainda mais curiosa. Já estava pensando na cara do seu irmão caçula quando soubesse que tinha esquecido o envelope no quarto e ela o tinha lido... Abriu o envelope, encontrando um papel dobrado em quatro partes. Haviam muitas palavras escritas no mesmo estilo inclinado, mas dessa vez as letras eram bem miúdas. Parecia ser uma poesia:
Ficara ainda mais curiosa. Já estava pensando na cara do seu irmão caçula quando soubesse que tinha esquecido o envelope no quarto e ela o tinha lido... Abriu o envelope, encontrando um papel dobrado em quatro partes. Haviam muitas palavras escritas no mesmo estilo inclinado, mas dessa vez as letras eram bem miúdas. Parecia ser uma poesia:
Admiro o seu jeito de ser.
Mesmo que já não seja mais.
Admiro o seu jeito de sorrir.
Mesmo que não queira mostrar.
Admiro o seu jeito de falar.
Mesmo que diga "adeus".
Admiro o seu jeito de ouvir.
Mesmo que já não me ouça mais.
Admiro o seu jeito de enxergar.
Mesmo que não me veja como eu sou.
Admiro o seu jeito de pensar.
Mesmo que eu não possa entender.
Admiro o seu jeito de agir.
Mesmo que lhe falte a iniciativa.
Admiro o seu jeito de gostar.
Mesmo que não seja igual ao meu.
Admiro o seu jeito de viver.
Mesmo que não viva por você.
Admiro o seu jeito de sonhar.
Mesmo que prefira a realidade.
Admiro o seu jeito de sentir.
Mesmo que se diga insensível.
Admiro o seu jeito de odiar.
Mesmo que seja a mim.
Admiro o seu jeito de amar.
Mesmo que não seja por mim.
Admiro o seu jeito de agradecer.
Mesmo que não haja um motivo.
Admiro o seu jeito de acreditar.
Mesmo que seja a única a crer em mim.
Admiro-te por te admirar.
E admiro-te por existir.
Admirável pessoa tão importante pra mim.
- Para uma garota admirável.
Será que a carta era para ela? Só podia ter sido escrita para ela... aquela não era a letra do seu irmão. "Para uma garota admirável.", dizia o poema. Sem perceber, a tristeza tinha ido embora. A garotinha sorriu, e logo se perguntou: quem teria escrito aquilo?
** Dedico este a pequena e admirável Anny. **
(Next : Ensaio o.7 - Sob o Guarda-Chuva...)
- Image by EvanWilman; A love letter, in Deviantart. -
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Dia 25 de dezembro de 2009.
ResponderExcluirEstava a ler o texto "Qué queda? La Variedad de la Evidencia" e tendo que terminar o livro Manual de Conservação em Arqueologia de Campo para segunda-feira parei para ler o teu blog. O que tu não sabias é que Wolney o colocou na barra de favoritos.
Crônica e versos deveras interessante...
A garotinha parece-me familiar mas creio que ela só é admirável para ti he he he
E venhamos e convenhamos o dilema do ouriço não é de todo o mal ^^
É verdade... o dilema do ouriço é bastante aceitável, mas não é a solução. Pelo menos, eu espero que não... Bem, obrigado por ter lido, eu agradeço a sua atenção e peço desculpas por ter interrompido seus estudos e demais afazeres... Espero que tenha gostado. E mais: A garotinha é realmente uma pessoa admirável, tenho certeza de que não só para mim.
ResponderExcluirAté a próxima!