segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ensaio 1.2 - Resultado


"A dúvida é pior do que a certeza..."

   Ela acordou nervosa. Passou a noite em claro, afligida pelas suspeitas, adormecendo só pela manhã. A cabeça doía um pouco, estava indisposta naquela manhã. Esticou os braços e as pernas, rolou para um lado e continuou deitada na cama. Tentava não pensar, tentava esquecer, tentava pegar no sono, mas quando fechava os olhos sabia que não ia conseguir. A sua cabeça não parava de trabalhar, de imaginar, de antecipar uma realidade dura que estava cada vez mais perto, talvez há alguns cômodos de distância. Sentiu uma dor no baixo-ventre, uma vontade de urinar que, apesar de tentar segurar, ficava mais forte. Teve medo, muito medo. Também pudera, a bula dizia que o teste deveria ser feito, de preferência, "utilizando a primeira urina do período da manhã"...
    Engoliu em seco. Como podia ter vacilado daquela forma? Na hora, nem pensou direito. Mas sabe como é... No calor do momento a gente nunca pensa direito, tudo desaparece numa mistura de sensações... Foi tudo tão bom! Naquela noite tudo conspirou a favor deles. Estavam sozinhos, no maior clima romântico, namorando agarradinhos... não tinha como não rolar, né?
    Sorriu pela primeira vez naquela manhã. Ele era um cara bem legal, bonito e inteligente; se davam muito bem. Todo mundo dizia que eles combinavam. Até o pai dela, que nunca fora muito simpático com os seus amigos (principalmente os homens), falava bem dele. A família toda, aliás, era só elogios...
    Estavam sempre juntos. Ela o amava, tinha certeza. Nunca tinha sentido isso por nenhum outro cara... Se ela realmente estivesse grávida, como seria a reação dele? Será que ele ficaria ao seu lado? Ou será que... ele a abandonaria?
   Os minutos passavam depressa, a vontade de urinar ficava ainda mais forte. Levantou. Tinha escondido o teste na mochila e colocado esta no fundo do guarda-roupa, longe dos olhos curiosos da mãe. Depois de uns minutos, finalmente achou a mochila em meio a bagunça, e catou o teste lá dentro.
    Engoliu em seco. Estava na hora... Seguiu hesitante em direção ao banheiro, as pernas um tanto trêmulas, a cabeça em outro lugar. Sua mãe não estava em casa... bom. Assim, teria mais privacidade, contava com isso. Já dentro do banheiro, abriu a embalagem que continha o bendito teste. Era agora ou nunca, pois já estava no limite e não podia mais segurar a ansiedade.

PROCEDIMENTO

1.  Coletar  a  urina  em  recipiente  limpo, seco  e  sem  conservantes.
2. Transferir a mesma urina para o coletor de plástico que se encontra na embalagem  do teste. Colocar a urina até a medida máxima de  10 ml  do  coletor,  não  encher  o coletor até a borda.
3. Abrir o envelope pela parte picotada e retire  a  Tira-teste,  segurando-a  pela parte superior da tira.
4.  Colocar  a  tira  no  coletor  de  plástico com a urina na posição vertical durante 10 segundos.  Ter cuidado  para  não deixar  ultrapassar  o  limite  indicado pelas setas (ver verso da embalagem).
5.  Coloque  a  tira  sobre  uma  superfície plana e aguarde 5 minutos.
6. Fazer a leitura.

Obs:  Não  considerar  resultados  lidos após 10 minutos.

   Afinal, não era difícil, o maior problema era o nervosismo. Após se certificar de ter feito cada passo do procedimento corretamente, colocou a tira sobre a tampa do vaso sanitário e se sentou ao lado, muito nervosa, o coração sufocado pelo medo e pela ansiedade. Olhava para os azulejos monocromáticos a sua frente, para as teias de aranha na base da pia, mas não olhava de jeito nenhum para o lado, para a tira em cima da privada... "Tomara que dê negativo, tomara que dê negativo, tomara que dê negativo", repetia para si mesma, aflita. Logo, os cinco minutos mais longos da sua vida haviam passado. Estava na hora de fazer a leitura do teste.